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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Origem

[Contém Spoilers]


Na sexta feira (6/08/10) estreou no país o filme A Origem (Inception), cujo é para mim um dos melhores filmes dessa década e sem dúvida alguma vai estar concorrendo ao Oscar no ano que vem. Na trama de Chris Nolan (diretor também dos excelentes Amnésia, Batman Begins e Batman - o cavaleiro das trevas) Dom Cobb (Leonardo DiCaprio - Titanic, Os Infiltrados e Ilha do Medo) invadia mentes e roubava segredos industriais para as empresas concorrentes, contudo um empresário oriental faz uma proposta audaciosa a Cobb. Ele teria que fazer algo que nunca antes havia tentado (não com êxito): ao invés de roubar uma informação da mente de uma pessoa ele deveria implantar uma informação. Logo no início percebemos que a operação seria arriscada pela tensão nas cenas quando o assunto era a nova proposta (até mesmo a ruga na testa de DiCaprio mostra o quanto delicada a operação era), no entanto Dom, que havia sido proibido de voltar aos Estados Unidos por ter feito uma única vez justamente a Inserção (Esse é o verdadeiro Título do filme) de informação na mente de uma pessoa, o que culminou na morte da mesma, estava desesperado para retornar ao país natal e finalmente rever os filhos. O empresário oriental iria conseguir a liberdade de Cobb, mas em troca o mesmo junto com uma equipe que ele formou (com 5 integrantes incluindo e excelente participação de Joseph Gordon-Levitt de 500 dias com ela e Ellen Page de Juno) teriam que implantar uma idéia na mente do herdeiro de uma empresa (Cillian Murphy - Extermínio, Sunshine e Batman Begins), o que levaria essa a falência.

Através de flashbacks dentro de sonhos Nolan vai revelando a verdadeira história de Dom Cobb e nos mostra o desespero do pai que tanto quer rever os filhos. Dessa forma Dom seria capaz de tudo para conseguir executar a operação com êxito. Talvez este seja o único ponto ruim do filme. O personagem de DiCaprio em A Origem é tão parecido com seu personagem em Ilha do Medo que em determinados momentos os flashbacks de ambos os filmes parecem ser os mesmos. Mesmo assim isso não chega a estragar o filme e a culpa não recai em DiCaprio, que atua de modo impecável no filme todo, e mesmo a sua semelhança com o detetive do filme de Scorsese, que foi uma enorme coincidência de papéis, Leonardo merece um Oscar por atuar tão bem. O desespero de Cobb para retornar para casa acaba comprometendo a operação. É aqui que Nolan insere um elemento fantástico. As projeções da própria mente de Cobb e a sua culpa por ter feito a Inserção trágica no passado fazem de Dom ao mesmo tempo o mocinho e o vilão da história. Nolan nos faz repensar que na vida real não existem só os vilões com sua malévola vontade de acabar com o mundo e os super heróis que chegam voando pelo céu e salvam todos, porque todo mundo tem um pouco de vilão e mocinho dentro de si mesmo, na vida real, assim como no filme de Nolan, ás vezes nós mesmos somos responsáveis por coisas ruins que nos acontecem. Porque somos inconsequentes, precipitados, inseguros, mentirosos e um monte de adjetivos mais.


Quando finalmente Dom Cobb e toda a sua equipe chegam dentro do sonho do herdeiro da empresa e assim como uma das integrantes (Page) havia previsto, Cobb perde o controle de suas projeções. Ele sentia tanta culpa e arrependimento que conforme todos iam penetrando cada vez mais profundamente na mente do personagem de Cillian Murphy uma projeção de Cobb (uma pessoa criada pelo seu subconsciente) parece tomar vida própria e ele não mais parecia saber a diferença entre realidade e sonho. Para completar a mente do herdeiro havia sido preparada contra invasões, começando a brigar com Cobb e sua equipe, como se fossem anticorpos combatendo um corpo estranho num organismo humano. Isso ocorre logo no início da entrada na mente do personagem de Cillian, quando um trem inesperadamente invade a rua e estraga os planos da equipe.

Nolan vai descascando a história em partes como uma cebola. A equipe começa a descer as camadas da mente do herdeiro e a situação vai ficando ainda pior a cada nível. O fim da história, assim como todo o filme, é muito bem explicado. Estamos diante de um filme com começo, meio e fim, mas Nolan não faz um filme mastigado. Ele supre o público com todos os elementos para que ele entenda a história por sua conta, principalmente o final. Muitas pessoas não gostaram do fim justamente porque ele parece ficar em aberto (sem final como ouvi algumas pessoas no cinema dizerem). No entanto essas pessoas é que não conseguiram captar os sinais que Nolan dá durante toda a história para que o final seja devidamente entendido. No fim é como ler um livro e imaginar tudo da sua forma.

A profundidade com que Nolan consegue atingir a história e seus personagens é incrível. As cenas são maravilhosas, a fotografia estupenda e a trilha sonora ora contempla a grandeza das fotografias brilhantes e ora da um toque a mais de suspense na história. Há um parte no filme sensacional, em que a personagem de Ellen Page está navegando no sonho pela primeira vez. Ela dobra uma cidade sobre ela mesma e os carros e pessoas que estão do outro lado parecem não se importar com o efeito da gravidade continuando, assim, seus percursos sem cair. A luta do personagem de Joseph Gordon-Levitt no corredor de um hotel sem gravidade é outra cena muito bem feita.

Por fim há muita coisa para ser dita sobre A Origem, esse é um filme fantástico e cheio de significados. Ao sair do cinema fica aquela vontade de voltar e ver novamente. Só espero que Hollywood não seja muito gananciosa e encomende uma seqüência. A Origem é um filme único e completo, não precisa de continuações.


Bom, crie seu mundo e bons sonhos!


POSTADO POR TOM


Um comentário:

  1. O filme é fantástico,e acho o Nolan bem didático.A questão é que é muita informação pra uma sessão só,em muitos casos.
    Revi o filme,e a Mal é uma projeção do subconsciente do Cobb.Assim como as crianças e o trem.
    O trem é o que gerou polêmica contigo,né Tom?
    Mas fui conferir minha impressão e é isto mesmo.
    A ariadne ,como arquiteta,criou o ambiente.Ela é a sonhadora,como os outros. O Fisher é o sujeito,o que é colocado dentro do labirinto do sonhador,e o povoa com o subconsciente.Daí a projeção de pessoas,que,ao pereceber que estão em um mundo fabricado pelo sonhador,o procura p/ atacar. A questão é que o subconsciente do Cobb entra em ação,então há momentos que ele tem visão de suas crianças,assim como aparição do trem,trem este que sim,faz parte do seu subconsciente,e não do Fisher,como explica Ariadne.Ariadne deixa bem claro que o trem não estava no seu design [lembrando que ela que é a sonhadora,ou seja,ela que cria o mundo]
    O filme em si comprova isto.Ariadne quando invade a prisão de memórias do Cobb,antes de chegar ao último andar vê a passagem do mesmo trem.
    Cobb,ao contar a época que passou com Mal no mais profundo sonho,utilizaram um trem para dar o famoso chute para a realidade [Mal até canta uma canção sobre tal trem momentos antes de voltar p/ realidade,e também quando se suicida].
    Reveja o filme,tenho certeza que você mudará de idéia,ou comente com a galera das comunidades,que há um consenso quanto a isto.

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